Arrotando pensamentos absurdos
Rastejando pela moita vejo um castor a bater uma punheta á chuva, entro no café ensopado á procura de sopa, tão insossa e angelical. No invólucro de uma lata, os pregos fazem sentinela e os parafusos fila para entrar. Na porta o rabequeiro escarra notas semiprateadas num chão de pó. És simplesmente feia!
O senhor dos aflitos e suas beatas fedorentas não param de me atormentar, as lápides do meu jazigo, estão prestes a rebentar de fúria. Serei cego ou tu eutanásia?
Sem paráfrase nem figura de estilo. Caramelos de fruta fritos em óleo são dissolvidos em cadáveres azedos e obras póstumas. Oiço sinos sob a cadeira de um barbeiro, ali, onde jazem punhados de cabelo outrora meu. Quem me faz um charro agora que tudo arde?
Há uma faísca azul que ao aproximar-se do vermelho, ilumina os corpetes e cintas de liga coloridas que animam aquela hora, as janelas de um bordel…e eu só queria uma sopa.
Um quarto para sair dele e descer á recepção, só pelo prazer de ver o escano reflectir a luz e o calor da lareira, só pelo prazer de cheirar as mantas esponjosas e sarnentas onde se aninham ninhadas de pulgas sobre tapetes rosa choque, comprados nos trezentos.
Depois do trabalho, alguns ainda permanecem no café, para adiar por alguns momentos, o regresso inevitável ao tédio conjugal, e sonhar que estão num bordel de quinta com adolescentes carentes e prontas a ser desfloradas em troca de algumas futilidades.
Texto e ilustração by jusis 2008.