Eram seis da matina, o sino da abadia torturava e latejara-me o sono,
Dormi sobre Heitor, o abade da vila, tapete onde me estendi saciada.
Ele despertara comigo, tinha os lábios pintados de cio e espada afiada,
Pegou-me ao colo selvaticamente e deitou-me sob o altar de mogno.
O frio jazia lá fora, enquanto eu fui desvendada frente à virgem crente.
Depositei toda a minha fé no seu mastro, não fazia ideia do que era dor.
Benzeu-me o ventre com a maçaneta repleta de seiva benta por patente
De seguida, matamos o jejum, torradas com compota e manteiga primor.
Tinha teste de estudos sociais, por isso, fingi ter ido estudar com a amiga.
Ter um pai alcoólico e mamã em estupefacientes, facilita-me ser comida.
O pároco punha a batina na sacristia e sem me conter mungi-lhe a espiga.
Uma beata silenciosa entrou indignada e com intenção publicar a cantiga.
Chamou-nos de tudo, antes que Heitor a silenciasse na pia de água benta.
Rapidamente enrolou-se numa toalha do altar, o corpo da velha fedorenta.
A fornalha aquecia a caldeira e uma fiel em brasa deixava de ser avarenta.
-Mamã, faltei e fui-me confessar. Hmm, cheirou a chá de leitugas e menta.
Texto e ilustração: Aurélia Maia