da filosofia à ficção, retratando a realidade
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publicado por santissimatrindade, em 28.10.09 às 09:15link do post | favorito

 

O realizador australiano Adam Elliot, mago da animação moderna e autor de várias curtas de animação como: o oscarizado Harvie Krumpet (2003); Brother (1999); Cousin (1998); Uncle (1996), entre outras, estreia-se agora no grande ecrã com o fantástico e carismático Mary and Max. Realizado, escrito e idealizado pelo próprio, o filme é um prato cheio para quem gosta de animação com alma. Adam Elliot consegue transmitir emoções e estabelecer uma cumplicidade entre o filme /espectador, mais fortes que a maioria dos filmes, que para tal , usou plasticina e um argumento baseado numa história verídica

O cinema de animação para adultos é algo que tem vindo a crescer um pouco por todo mundo, vindo da Dinamarca tivemos o astuto Terkel i knibe (2004), de França/ irão o Marcante Persepolis (2007), dos EUA, e realizado por Rob Zombie, o inadmissível The Haunted World of El Superbeasto (2009). Agora, fiquei seduzido por esta fábula verídica e australiana, rendi-me por completo aos seus atractivos, ao carisma das personagens, à musiquinha do piano sempre a facturar enquanto a história decorria, mas na verdade, o que mais me impressionou foi a maneira tão humana e real como a história nos é contada.
O filme não é nenhum conto de fadas, nada que se compare, trata-se de uma comédia dramática que conta uma história de amizade entre duas personagens unidas pela pena e pelo acaso: Mary, uma miúda solitária de oito anos, que vive nos arredores de Melbourne, e Max, um homem de quarenta e quatro anos, triste e severamente obeso, que vive em New York.
Supremo e tocante.
 

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publicado por santissimatrindade, em 23.10.09 às 21:19link do post | favorito


Liguei a televisão, alapei-me e meti dois à boca, o pêndulo da minha mente encontrara os prazeres do reino funji. Até que… Aqui vai:
-Olá! Eu sou o Cristo dos blogs, simplesmente omnipotente… - Dizia uma aldrabona que abria as golas armada em Messias. Era horrenda, vestia mal de cara e tinha uma crista galega que se descasava em pena. Roubou à grila uns óculos à Amália, não por causa da pinga, fora mesmo por mania e gosto fatigante. Bem, deixemos para trás a colecção Arrepios e pesadelos trimestrais, vou mostrar-me solidário com todos os que usam penico e menstruar numa caneca de porcelana.
Persiana abriu o frigorífico e comeu tuli creme fora da validade, não tinha bolor e estava tão cremoso… uma calamidade! Hum, as tardes que me deslumbrei com a língua em tuli creme… Tuli, Tuli, Tuli, Tuli creme! Que bombom no meu pão! Cheguei a besuntar-me com ele a ver o programa do António Sala, durante isso pensava em apertar o nariz do Júlio Isidro entre las piernas… O mais estranho de tudo, era o facto de apenas me excitar, se imaginasse tudo em espanhol … cosas de locas …yo adoraba una nariganga arrebitada. Foi a minha tara durante alguns meses, que terminou quando um narigudo engravatado me encheu os púbicos de muco nasal.
No fundo do tanque por entre os degraus da água fecundada, ainda existe sabão misturado com seiva e algumas moedas caídas do bolso da ganga. Lembro-me da música do anúncio dos tampões, a intrujona e seus bacios fervendo em ácidos, despojadas de inteligência e espojadas no relvado mirando o vazio das nuvens.
Sacos pretos transportam três humanos em puzzle - a consequência do cãozinho, que era um simples lambe cricas. Que ternura de história… Uma mãe engolida em ciúme canino, decidiu podar os braços das filhas, dando vida ao plano do seu gato, que por sua vez havia subornado o cão com salsichas (do) Isidoro.
Nélia misturou enxofre no pó de arroz, deixando-o de tal maneira desvitalizado, a ponto de nem o Paião lhe pegar. O Milu do Tintim bem podia vir ajudar-me e a lamber o tulicreme que caiu no chão … baratas na gaveta da cómoda devoram as amêndoas do meu casamento. Esperei e dissequei mas não choveram sapos, simplesmente nevou ignorância. Hoje é como se dormisse ao relento.
Carlota vestiu-se para matar, telefonou a vários repórteres, depois esticou o pescoço afiou o olhar e recitou um hino aos delinquentes.
-Está na hora de os esmagar com migalhas! Ergam-se invés de serem dominados por vergas.
Pouso o copo já sem vodka, o comando cai e desliga a televisão. Senti um silêncio que vestia tronco nu vindo da cozinha, projectava flatulências que emergiam um eco por entre a porta aberta do frigorífico. Então percebi que a besta do meu marido chegava da rua, tão ou mais bêbado que eu, levantei-me e disse:
-Américo! És um carrasco, não tens nenhum respeito por mim, isto são horas de chegar a casa?
Eram 5inco da manhã e queria matá-lo!
 

texto: Aurélia Maia

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publicado por santissimatrindade, em 18.10.09 às 18:06link do post | favorito

 

A Caravana do Disparate e a Bôla de Carne produções orgulham-se de apresentar O Projector - uma curta  idealizada e concebida em menos de um dia, com  a fim  de participar no Festival de curtas  Fast Forward Portugal edição 2009.   Dos  cinco temas sorteados pelas equipas, foi-nos atribuido o seguinte:  A ferramenta – Utiliza uma ferramenta para um fim diferente.
Foi uma dia exaustivo e a  noite passada completamente em claro, mas valeu a pena só pelo facto da curta ter sido exibida no Teatro Circo em Braga, sendo uma experiência a repetir. Não ganhámos nada, mas a tentativa valeu por si mesma e para o ano estamos lá outra vez.
Aqui fica a curta, enjoy it…
 

Texto: Rui Melo

 

 

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publicado por santissimatrindade, em 12.10.09 às 19:45link do post | favorito

 

Cinematizando os oráculos do estrume, orgulhosamente venho apresentar:


Thirst -o último filme do realizador de culto Sul Coreano Park Chan-wook.
Chan-wook é um dos cineastas que mais admiro, ao analisar a sua filmografia encontramos peças raras, tais como a triologia de vingança que envolve os três dos seus melhores trabalhos da sua carreira – o profundo Sympathy for Mr. Vengeance (2002), o frenético Oldboy (2003) e o afónico Sympathy for Lady Vengeance (2003), todos eles bastante premiados em festivais como Cannes , Stiges e Fantasporto. Realizou também o segmento de nome “Cut”, contemplado em Three Extremes (2004), um filme que reúne três histórias e onde o tema é a violência extrema. Em 2006 surpreendeu com o humor e a magia, no drama fantástico I’m a Cyborg, But That's OK (2006). A grande particularidade das suas obras é também pelo facto de ser ele próprio a escrever os argumentos, de se tirar o chapéu.
Thirst foi apresentado em Cannes onde foi nomeado para a Palma de ouro e amealhou o prémio especial de júri, participando também no festival de Stiges. Thirst conta a história de um padre, que se submete a uma experiencia médica, a fim de ajudar com ciência a humanidade, mas por ironia do destino torna-se num vampiro.
Eu sei, vampiros… parece cliché mas desta forma nunca foi abordado, o trailler fala por si, vejam!
 

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publicado por santissimatrindade, em 08.10.09 às 19:05link do post | favorito

 

“Is Anybody There?” foi escrito por Peter Harness. Trata-se do último trabalho de John Crowley, realizador irlandês, autor de filmes como o cómico e arrojado triller Intermission (2003) e o drama veemente Boy A (2007), filmes com os quais amealhou seis prémios e onze nomeações.
“Is Anybody There?” joga com crescer e envelhecer reciprocamente, o lado triste da verdade vem à tona. A morte é encarada de uma forma inspiradora, sensível, real e sem abandonar humor e sarcasmo. Um drama que vai ao encontro da fábula, manobrando com subtileza filosófica a sua frontalidade.
Elenco e desempenhos deste são também um dos trunfos de “Is Anybody There?”: Bill Milner, prodígio protagonista da comédia independente Son of Rainbow (2007); Michael Caine, assombroso no triller psicológico Sleuth (2007), um veterano num dos melhores papéis da sua carreira; David Morrissey da curiosa série Meadowlands (2007) e recentemente em The Other Boleyn Girl (2008), aqui praticamente irreconhecível ao lado de Anne-Marie Duff ( Garage (2007)).
Sinopse: Inglaterra anos 80, Eduard um rapaz de dez anos vive com os pais num lar de idosos administrado pelos mesmos. Enquanto a mãe batalha para manter o negócio, o pai enfrenta uma crise de meia-idade. Eduard, pouco sociável, passa o tempo a gravar declarações dos idosos, tentando compreender o que acontece ao morrem e o que fica para além da morte. As coisas alteram, ao aparecer no lar o novo membro, um mágico reformado com atitude liberal e visão anarquista, Clarence.
Uma reflexão sobre crescer para enfrentar o mundo e aceitar o envelhecer sem ter medo da morte.
 

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publicado por santissimatrindade, em 04.10.09 às 02:40link do post | favorito

 

Eram quatro da manhã e silenciosamente decidi mata-la! Não por vingança, jamais seria pelo dinheiro. A razão era mesmo a sua inoportuna presença, coisa que não consegui aguentar mais. Nem um segundo a mais! Tudo aconteceu tão rápido, quando dei por ela, era justamente viúvo.
Parecia ter sido executado por um profissional. Fiquei admirado, como eu é que eu? Sendo uma pessoa tão normal, simplesmente cedi ao instante do instinto de forma tão intransitada. Puf… sem ter planeado fazia-me milionário e assassino simultaneamente.
Não havia sangue, era como se não existisse arma, apenas existia um corpo - ainda quente…. Rapidamente fui obrigado a encontrar uma justificação sustentável, sentia-me a vaguear pelas ruas da minha infância, derreti em mim um certo prazer, ao experimentar estes rasgos do evento inesperado.
Meditei …e decidi evocar o mito da morte durante o sono, fenómeno raro, mas está provada a sua existência. Poderiam fazer-lhe os testes que quisessem; autopsia; raio-X; até mesmo de ADN, seguramente nada que encontravam. Foi como um relâmpago – Lá estava ela… uma pedra entupida em pílulas. Então tive um gesto automático, nem sequer lhe toquei, a almofada fez restante. Serviço limpinho, poupou-me de ver sua cara mumificada ao despedir-se do mundo - assim terminou um casamento de quatro anos.
Não quis dormir, permanecia em mim um vazio triangular que emitia ausência de culpa. Todavia experimentava uma tremenda ansiedade de vida, os tentáculos matrimoniais despedaçavam-se entoando coros de liberdade.
Decidi chamar a ambulância apenas quando amanhecesse, passei o resto da noite agarrado a uma garrafa de Black Label, e enquanto planeava um futuro próspero chorava um luto entornado por goles de wysky.
Não saí do lado dela, eu era o Ali Baba que guardava o tesouro. O sol finalmente começou a espiar pelo vidro janela, então peguei no telefone e chamei os médicos.
- Américo! - Américo! – Ouço uma voz forte que me chamava e acordei arrotado na mesa do café onde me penduro todas as noites. Era o dono, preparava-se para fechar e disse-me:
-Vai p’ra casa homem, a tua mulher já ligou para aqui quatro vezes.
Recolhi-me subindo a ladeira inundada por garrafas vazias, a meio virei-me e acenei, depois segui lentamente para a minha prisão à medida que o relógio emitia as quatro badaladas da manhã.
 Que sonho sublime, além de rico ainda era viúvo… bendita a cerveja.

“4uatro da manhã”

Por Aurélia maia

 

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