da filosofia à ficção, retratando a realidade
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publicado por santissimatrindade, em 28.09.09 às 02:31link do post | favorito

 


Três décadas após o seu afastamento do universo das curtas, Pedro Almodôvar regressa às origens com a produção - La Concejala Antropófaga, a sua mais recente uma curta-metragem. A ideia da realização desta, surgiu na sequência do seu mais recente filme “ Los Abrazos Rotos”, Almodôvar inspirou-se na personagem que Carmen Machi interpretava no filme e decidiu escrever um Argumento. Argumento esse, que roda em torno de um de um monólogo hilariante, interpretado por Carmen Machi (Chon), a vereadora antropófaga que dá nome à curta. Uma personagem sem freios, com muita disposição e euforia, expõe-nos a sua visão caricata dos prazeres da vida.

É curta, mas enche as medidas.

 

 

 

 

 

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publicado por santissimatrindade, em 21.09.09 às 03:27link do post | favorito

 

Para quê? - Triturar o mundo inteiro em palavras,
colher remoinhos de verbos e em cortejo levantar o nojo.
Coragem rapaz! E bem a preciso, não para vos enfrentar,
todavia planeio estacar tudo e sucumbir-me a mim próprio,
mas para acalmar esta dor que não existe mas persiste.

Nesta vida não há tempo para nada,
e nada nela se faz, senão gastar tempo.
- O Tempo somos nós que o fazemos!
Já dizia o velho eremita do Cagigal - café lá rua,
pobre homem, passava as horas a engendrar e ditar ladainhas,
enquanto vendia cerveja e a clientela lhe esvaziavas as grades.
Sem se aperceber o velho misturava finanças com filosofia,
porém não me parecia pessoa feliz,
e vá-se lá saber porquê,  acabou por se enforcar um dia.

Têm-me abreviado;
uns tomam-me por evadido,
outros por  evadido de virtudes,
há quem ache que sou drogado,
e só para ti linda Beatriz, fui um achado.

Podíamos ter-nos casado,
se não me tivesse cansado.
Seria eu mais infeliz que aquilo que sou?
Certamente que não!
Mas na vida não tanto teria contraste,
como a malagueta se não fosse o picante.

Não quero viver.
Odeio a ideia de morrer,
o melhor mesmo seria não ter existido.

 

Texto: Osvaldo Souto

 

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publicado por santissimatrindade, em 14.09.09 às 00:13link do post | favorito

 

Frequently Asked Questions About Time Travel é uma comédia sobre ficcção científica hilariante e muito engenhosa. Trata-se de uma produção que juntou a BBC e HBO Films, Gareth Carrivick – um nome bastante apelativo na televisão britânica, pegou no primeiro argumento de Jamie Mathieson e deu mãos à realização, o resultado final é uma paródia que tanto tem de divertido como de inteligente.
F.a.q. abou time travel foi apresentado no Dublin Film Festival (Irlanda) em Fevereiro deste ano e estreou no Reino Unido dia 24 April, cá em Portugal não me parece que estreie no cinema, o que é uma pena, mas edição em DVD está para breve.
A narrativa roda em torno de três amigos interpretados por Chris O’Dowd (Roy da serie IT Crowd), Marc Wootan (Confetti (2006)) e Dean Lennox Kelly (The Invisibles (2008)), rostos bem conhecidos da televisão britânica.
Numa noite vulgar no Pub local, Ray (Chris O’Dowd) encontra-se com uma bela e excêntrica jovem, interpretada por Anna Faris (Smiley Face (2007)), que afirma ter vindo do futuro. O encontro desencadeia uma serie de eventos que põe em perigo o resto do mundo, cabe agora a Ray e seus amigos tentar resolver o mistério da viagem no tempo, que para tal, usam o conhecimento que eles têm da cultura pop deste ao fenómeno.
Frequently Asked Questions About Time Travel é um quebra cabeças sob forma de humor e traz-nos  de volta  a comédia britânica inteligente.  O carisma dos actores é sem dúvida um trunfo, mas é genialidade no argumento e produção inteligente e sem pretensões que dá a verdadeira cor ao filme.
F.a.q. About  time Travel é uma peripécia  esperta sobre viagens no tempo e realidades alternativas,  para mim uma das comédias mais perspicazes dos últimos tempos.
 

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publicado por santissimatrindade, em 09.09.09 às 05:21link do post | favorito


Sumiu-se-me a palavra para descrever num todo o que sentimos  ao desembarcar em  District 9 .  A primeira longa-metragem nas mãos de Neill Blomkamp, escrita pelo próprio conjuntamente com Terri Tatchell.


District 9 teve o apoio incondicional de Peter Jackson , que foi inclusive o seu produtor executivo.  O Sr. Jackson, cineasta que não simpatiza muito com Hollywood, visto que até agora não fez nenhuma produção megalómana nos estados unidos, senão reparem Senhor dos Aneis  e King Kong (Nova Zelandia)  e agora District 9 (Africa do Sul), curioso não é.  Jackson sabe bem o que faz, tem bom faro e visão de lince, prontamente se apercebeu que o argumento de D 9 seria uma revolução na história do cinema.

 

District 9 foi filmado na África do Sul e a maior parte dos seus actores são desconhecidos, filmado ao estilo de Mockumentary aliado com filme de ficção científica e épico, algo que lhe dá um realismo fantástico. Retrata uma sociedade alternativa que metaforicamente é aproximada à de hoje em dia.

Imaginem uma nave extraterrestre que pousa sobre o céu da capital da África do Sul – Joanesburgo, passado dias não havendo manifestação do que estaria no seu interior, os humanos decidem sobrevoar os céu e entrar nela. Lá dentro encontrava-se um milhão de aliens desnutridos e doentes, então devido à pressão internacional, o governo decide criar um acampamento provisório e electrificado para alienar os extraterrestres, mas o que seria uma situação provisória, tornou-se numa favela - District 9.  Este é o ponto de partida numa história que aborda a fundo os conceitos sociedade e humanidade, passando pela discriminação, tráfico, armas entre muitos outros.

District 9 é mesmo uma caixa de surpresas: as caracterizações dos aliens tanto têm de genuínas como fantásticas; os movimentos de camera são grotescos - in your face (mas distanciado de sucatada); a adopção do estilo de filmagem incoerente e montagem revolucionários; a escolha dos estratégicos dos cenários. Tudo isto num argumento bestial, dá vida a um universo fenomenal, destacando District 9 como um dos melhores filmes de sempre.
 

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publicado por santissimatrindade, em 08.09.09 às 03:41link do post | favorito

 

Com o salto, trepei os paralelos do adro da igreja,
neste havia malvas e fionho para espantar a inveja.
Entrei na casa do senhor e benzi-me com a bendita,
nas paredes do templo fui observada como maldita.

Corina dirigiu-se ao altar e leu S. Paulo aos Coríntios,
Orou frente ao padre e xales negros lamentavam os ímpios.
Ao centro S. Miguel petrificado degolava um demónio,
mais cólera no olhar, tinha o seu compatriota Sto. António.

Os mantos do altar reluziam luxúria e sustinham pudor,
As santas, cobertas de vestes fúteis, suspiravam de dor.
Cristo, estendido, nas costas do sacerdote, parecia um cabrito,
Pronto para a festa, para forçar a fé ao soar de um grito.

Deixando-me de fanatismos, vou directa ao que interessa.
Na ala dos homens, olhares devoradores pediam-me remessa.
Descobri na missa um mercado, do nada, angariei vários clientes,
Pedem-me afecto e moinhos de prazer, mas raramente são crentes.

 

Texto e ilustração: Aurelia Maia
 

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publicado por santissimatrindade, em 03.09.09 às 21:33link do post | favorito

 

O documentarista e fotógrafo francês Christian Poveda foi assassinado a tiros em San Salvador, semanas antes do lançamento na França do seu último documentário,“La vida Loca (2008) ”, sobre os "maras",  as gangues que fazem trafico de drogas e pratica de extorsões neste país da América Central e são responsáveis por 60% dos assassinatos ocorridos neste país.
Poveda, 53 anos, foi encontrado morto na estrada a metros do seu veículo, a uns 16 quilómetros a norte da capital do país, San Salvador, no sobrelotado bairro La Campanera – bastião do gang que o realizador retratara no documentário, os Mara 18 – onde segundo a polícia, ele voltava de uma gravação que seria para um futuro trabalho. As autoridades encontraram 4 balas no corpo do jornalista.
As forças negam a hipótese de acerto de contas e ponderam a hipótese de um assalto, mas não foi, uma vez que o equipamento dele e o carro estavam lá, declarou um fotógrafo próximo a Christian Proveda pedindo anonimato.
Christian Poveda conhecia bem San Salvador. Ele cobriu a guerra civil (1980-1992), onde se instalou definitivamente em 2003 com sua companheira salvadorenha.
O presidente salvadorenho, Mauricio Funes, um ex-jornalista que o conhecia bem como pessoa, disse estar "consternado" por seu assassinato.
O filme Poveda  "La  vida loca", estreará em 130 salas na França a 30 de Setembro. Ele descreveu o diário dos "maras", essas gangues de jovens tatuados da cabeça aos pés, nascidos nos anos 80 nos bairros "latinos" de Los Angeles, que emigraram para a América Central, onde se tornaram o pesadelo dos governos.
Para conceber o filme, Christian Poveda sujeitou-se a viver durante um ano e meio com uns bandos, acabando por virar alvo de outros grupos que o ameaçaram de morte, segundo a imprensa local.

 

Veja o trailler do filme.
 

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publicado por santissimatrindade, em 02.09.09 às 18:58link do post | favorito

 

Lars Von Trier é considerado uma lenda do cinema independente europeu, não é a toa que a sua obra é das mais complexas do cinema contemporâneo, na sua vasta filmografia encontramos clássicos como Europa (1991), Breaking Waves (1996), The Idiots (1998), Dancer in The Dark (2000), Dogville (2003) entre muitos outros.
O seu último filme chama-se Antichrist , é o projecto mais polémico da sua carreira, em Cannes conseguiu o prémio de melhor actriz, devido a prestação da  francesa Charlotte Gainsbourg,  sendo a  produção que mais controvérsia causou  no festival, ao mostrar cenas perturbadoras de sexo e mutilação.
 Um filme que vai dividir muitas opiniões, onde o caos sobrevoa o enredo cru e carregado de imagens fortes, consideradas para muitos inadmissíveis no cinema. Mergulhado na tragédia e na depressão torna-se absurdamente metafórico, no entanto é bastante lúcido e transporta consigo paz e inquietação simultaneamente, tanto em termos visuais como narrativos.
O surrealismo e a forte componente sexual violentam-nos constantemente a cada capítulo do filme, mas é a tragédia no fundo que ilumina Antichrist, uma obra repleto simbolismo, com uma entrega de elenco assustadora, e esteticamente com quadros dos mais belos alguma vez criados na sétima arte.
Decapitem os medos, a arte tem muitas formas de se manifestar, Antichrist não é um filme fácil nem convencional, mas uma mente isenta de tabus e aberta à arte, encontrará nele uma experiência sinistra e inesquecível.

 

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publicado por santissimatrindade, em 01.09.09 às 22:43link do post | favorito

 

-O que fazem os cristais na cristaleira?
Retruca a dona mais uma vez para a sua empregada.
-Desculpe Dona Mali, é força d’ hábito, prometo que não volta a acontecer. Está bem assim Senhora?
Respondeu Vanda sorridente para disfarçar o olhar rasurado.
- Eu já disse que os cristais se guardam no armário! A cristaleira é lugar de peças que realçam o seu contraste como o meu Fabergé… contudo desta vez “passons” como dizem os franceses.
 Vanda arruma os cristais disfarçando o seu ar de sublevação e retira-se para terminar os seus afazeres.
Dona Mali afigurava-se como a reencarnação da futilidade. Tinha uma rotina orquestrada por manias e era desprovida de intelecto. Mali dependia de todos os que a rodeavam, vivia num matrimónio de quase duas décadas, no qual decidiu não ter filhos, para preservar o corpo.
Inácio, o esposo, bem ansiava por herdeiros, mas ela tanto adiou, que hoje é assunto fora de questão. Vanda era o seu ponteiro de equilíbrio entre a vida real e o fútil. Mas esta detestava o seu trabalho e acima de tudo, abominava a patroa. Mas sendo ela filha de operários, que remédio tinha senão submeter-se aos caprichos de Mali.
Mali reclamava do pó ou da ausência deste, tanto adorava um prato como o detestava, umas vezes açúcar outras adoçante. Tudo isto foi-se tornando repulsivo para Vanda e com o acumular de sapos engolidos, até que um dia acordou para si mesma e decidiu mudar de rumo.
Uma ninhada de tias reunia-se todas as quartas-feiras na mansão de Mali, espojadas na sala, tomavam o chá e dissecavam a vida alheia, logo sobrava mais trabalho para Vanda.
Numa dessas quartas, estava Vanda na cozinha a preparar o chá debruçada sobre a mesa, e após uma curta reflexão…  pegou no bule pousando-o no chão em frente a seus pés. Seguidamente abaixou-se, levantou a saia e desceu as cuecas de renda discretamente.
- Aqui vai chá. - Segredou ela consigo ao despejar a sua urina perpendicularmente até meio do bule.
Minutos depois anunciou ela com um ar sorridente e cheio de simpatia.
- Está na hora do chá …receita especial da minha madrinha.
 Mali e as tias escoaram o chá como se fossem esponjas, sem suspeitarem do mijo que lhes entrara estômago adentro. O episódio repetiu-se muitas vezes, de modo que, o transtorno que era as quartas, tornara-se agora no passatempo de Vanda. Como ela ria e zombava ao embriagar as tias de mijo.

Certo dia Mali teve mais uma discussão com marido. Vanda, enquanto arrumava, ia escutando tudo que se apregoava.
-Já não dialogamos, só debatemos …e há mais de três meses que não fodemos, se continuar assim, arranjo uma amante. Resmungava Inácio.
Mali sorria e chamava-lhe patético, com um ar de desdém.
Inácio sai disparado do quarto e vai até à sala onde encontra Vanda a arrumar, esta diz-lhe que ele está muito tenso, oferecendo-lhe um rum.
 Depois de quatro doses Inácio ficou mais calmo. Vanda pergunta-lhe se ele quer uma massagem nos ombros para relaxar. E Inácio olha Vanda de cima abaixo dizendo:
-Sim, massaja-me os ombros e tudo que achares que preciso de massajar.
-Está bem senhor, sente no sofá e relaxe.
Disse Vanda, que começou por tirar-lhe a camisa e massaja-lo nos ombros. Inácio tinha um ar mais descontraído e à medida que a massagem ia decorrendo guiou Vanda através do seu olhar rumo até à cintura. Esta enxergou imediatamente o que ele queria e massajou-lhe o membro ainda dentro das calças. O patrão enlouqueceu com aquele gesto, a ponto de lhe sugerir que usasse a língua para terminar a massagem, Vanda assim o fez. Momentos depois foram para o quarto da empregada, Inácio estava entusiástico, Vanda despiu-se e vestiu-lhe o preservativo com a boca, pondo o homem cada vez mais fora de si. Mali já dormia e Inácio com meia dúzia de estancadas despejara o jejum de três meses a seco. Depois do exercício, Inácio larga o látex cheio de esperma na lata do lixo, limpa-se e sobe as calças. Vira-se levando a mão à carteira sacando uma nota de quinhentos euros que oferece à empregada, ao dizer:
-Isto nunca aconteceu! Certo?
Ela abanou a cabeça consentindo e ele retirou-se para os seus aposentos. De relanço, Vanda foi ao lixo de onde saca o preservativo. Transportou-o com cuidado e despejou o conteúdo viscoso dentro de um tubo de ensaio que na bolsa tinha escondido. Abriu a porta do quarto e dirigiu-se à cozinha para guardar a relíquia no congelador.
Cerca de três meses passaram, e numa tarde de quarta-feira Inácio recebe uma ecografia acompanhada de um cartão que dizia “Parabéns já és papa” … foi comprar flores e correu rapidamente para casa, ao chegar encontra Vanda sentada no sofá, que ao por a mão no ventre lhe diz:
-Já tem meses, o preservativo deve ter furado, mas estou muito feliz graças a deus vais ser papá …ah já me esquecia, a Dona Mali fez as malas e foi-se depois de saber de tudo.
- Está bem assim senhor? Pronunciou Vanda pacata e rasa ao sofá, deixando Inácio pendulado entre a ventura de um primogénito e o desgosto que causara a Mali.
Mali sorria… e no espectro do seu rosto escondiam-se as candeias que outrora iluminaram inexoravelmente a sua mente e abriram cancelas ao prostíbulo no qual se tornara a sua vida.

 

Texto: Aurelia Maia

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