da filosofia à ficção, retratando a realidade
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publicado por santissimatrindade, em 21.01.09 às 22:55link do post | favorito


Na 7ª arte de Israel ao Brasil

... Sem qualquer motivo ou razão substancial dei comigo a pensar:
 Mesmo sendo capaz de não faze-lo. Não vou deixar de te ignorar, ainda que  seja postumamente.


Em véspera de Óscares e Fantasporto à vista já em alto mar, o cinema não poderia contar com melhores dias. Uma overdose de filmes tomou conta do meu tempo livre, arranjando tempo livre onde não havia, de modo que a vontade de escrever transformou-se num acto compulsivo  e devorador, ficando sem oportunidade de escrever.




Poderia escrever por exemplo sobre o encanto e toda a beleza de Waltz With Bashir (Valsa com Bashir), uma espécie de mockmentary de animação autobiográfico onde o Realizador  tenta lidar  com seu trauma de guerra, devido a sua participação como soldado israelita na guerra do Líbano e nos massacres de Sabra e Shatila em 1982.
Escrito e realizado por  Ari Folman, o mesmo de Made in Israel, um trabalho sublime desde a escolha os tons e cores na animação à banda sonora envolvente, como também ao realismo político do argumento que denuncia a política de Israel contra o povo palestino. Aquele que é capaz dos filmes mais originais de sempre.



Deu-me também vontade escrever sobre Choke, um filme americano independente e muito peculiar, baseado no romance de Chuck Palahniuk , o mesmo escritor de Fight Club .
Choke serviu de  pretexto para Clark Gregg se estrear como realizador, sendo o argumento a cargo do mesmo. O filme conta a historia de Victor Mancini (interpretado pelo grande Sam Rockwell), um homem viciado em sexo, que frequenta um grupo de apoio a viciados sexuais e  pretende abrir um restaurante afim de conquistar a simpatia e algum dinheiro para cuidar da mãe que se encontra no hospital. 
Choke é um  drama cheio de  sarcasmos e simultaneamente é uma comedio-aventura bizarra, mas sobretudo uma experiência recheada de insanidade com um resultado muito satisfatório.



O filme sobre o qual me apeteceu escrever foi  Estômago uma comédia vinda do Brasil. É realizado e escrito  por Marcos Jorge  o mesmo de Corpos Celestes.
Estômago retrata a história de Raimundo Nunato homem pobre e de pouca instrução recém-chegada do interior à cidade para tentar a sorte.   Sujeitando-se a trabalhar num "botequim", ele conhece uma prostituta, consegue um emprego como cozinheiro de um restaurante italiano da alta mas acabando na prisão.
 Estômago é filme genial, com um enredo perfeito, que mistura comédia e crime salteado com drama. Uma viagem pela gastronomia  italiana e pela arte de bem cozinhar, alternada com a vida de Nunato na prisão. Uma longa-metragem cheia de situações hilariantes, deliciosamente maliciosa e audaz, que acaba por nos surpreender com um argumento muito bem condimentado e  ambientado numa banda sonora instrumental italiana para acompanhar a cozinha. Imperdível.



Por fim, vou falar-vos daquilo que realmente me impressionou nos últimos tempos, Chama-se Capitu e é uma das ultimas mini-séries da Tv Globo. Feita a partir do romance  Dom Casmurro, uma das mais aclamadas  obras de um dos maiores escritores brasileiros de sempre, Machado De Assis.
Capitu é como se fosse um livro em formato de Mini-série, com um narrador sempre presente e omnisciente, que usa um português  muito cuidado  com um vocabulário bastante rico, e com frases polidas ao pormenor, é como  música para a nossa mente e um estímulo para o nosso intelecto.
 O Tempo é controlado pelo narrador, fazendo pausas sempre que é necessário acentuar algum pormenor, ou fazer comentário extra, mas tudo isto feito de uma forma que parece que estamos a ler um livro, sendo a palavra leitor é citada varias vezes.
Capitu mistura  teatro com ficção, antigo com moderno, sec. XVIII com a musica dos Beirut, Janis Joplin , até  Sex Pistols. Uma obra sublime com uma produção à altura. Uma das grandes surpresas deste ano.

 


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publicado por santissimatrindade, em 14.01.09 às 22:00link do post | favorito




A desgraça em que vivemos


Nos dias de hoje a sociedade comporta-se como sendo um penico cheio de pretensões alheias que quer ser um W.C. Começa nos quintais, cheios de penicadas intransigentes e vaidade de papel higiénico usado com se estivesse ainda dentro da embalagem.
Cobrem-se de carradas de penicadas com o intuito esconder todo o degredo que são, abraçando um ar regateiro e astuto como se fossem a rainha do bordel (casa de quinta claro!). Na sua essência, isto é, lá no fundo da raiz do seu putedo absoluto (e todas elas o têm, venha quem vier), toda a sociedade e o seu integrante não passam de trapos ao léu que todavia foram deixados num espantalho a fim de atrair os pássaros e as suas cagadelas.
Ao observar os diferentes nichos da sociedade, podemos concluir que consoante vamos subindo de estatuto mais penicada  encontramos agregada ao indivíduo que nele está inserido. Repare-se que entre  futilismo e penicada as diferenças são nulas, podemos usar o exemplo das donzelas e dos zé(s) niguém  descendo as avenidas,  cheios de peneiras com  seus penicos na cabeça, ao qual eles dão o nome de chapéu e na Inglaterra é sinonimo de cavalheirismo  nos homens (um completo absurdo) e  de classe nas donzelas (um bando de frustradas afogadas numa vida de estética tão artificial quanto a vida destas). 
Na realeza a penicada sempre presidiu como uma espécie de  simbologia de poder, repare-se que o rei usa um penico de metal dourado  (ao qual tiveram a distinta lata de chamar coroa) afim simbolizar   o monte de merda que a sua figura representa,   e já nem vou salientar a energia de estado penico-depressivo que a figura da  rainha arrasta com a sua inata e estúpida presença.
Uma sociedade cheia de penicadas para nos prender a costumes de merda, obrigando o cidadão a usar penicos a torto e a direito sem necessidade alguma, impondo penicadas absurdas.
 

o meu ego está: Jusis

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publicado por santissimatrindade, em 02.01.09 às 11:33link do post | favorito



Boyle no seu melhor

Danny Boyle é na minha opinião um dos cineastas mais complexos e originais da actualidade.
Na sua obra encontramos relíquias como o frenético Trainspoting (1996), uma overdose em estado de filme, hoje considerado um dos melhores filmes de culto de sempre. Em 2003 realizou o apocalíptico 28 Dias Depois, um thriller de apocalíptico  ambientado em Londres carregado de sensibilidade e horror. Encantou com a magia de um conto fantástico em Milions (2004) e o poder humano do sublime Sunshine (2007).

Em 2008 Boyle volta a cativar os cinéfilos com a produção independente Slumdog Milionaire, filmado e passado em  Bombai na Índia, co-realizado juntamente com Loveleen Tandan.  O argumento a cargo de  Simon Beaufoy, que fez uma adaptação livre de "Q&A: A novel", de Vikas Swarup.
Slumdog Milionaire foi considerada a melhor longa-metragem de 2008 pela Associação Nacional de Críticos dos Estados Unidos, no total já arrecadou com 17 prémios, e está na lista dos aspirantes aos Óscares 2009. A academia a render-se aos encantos do cinema alternativo.

A sinopse: Slumdog Milionaire conta-nos a história de Jamal Malik, um jovem pobre com pouca instrução oriundo das slums (favelas) de Bombai, que pretendendo reconquistar um amor de infância, participa na  versão indiana do Quem quer ser milionário. Jamal surpreender todos ao acertar todas as questões, algo que vai questionar a sua honestidade, acabando por revisitar episódios marcantes do passado e para provar que sabia as respostas.

Uma história fantástica, com um ponto de partida brutal que nos coloca automaticamente dentro trama, alternado com o presente e analepses do passado de Jamal. O filme é uma explosão visual muito rica em todos os sentidos. Deliberado por um contraste chocante e real, sendo também astuto e divertido. Carregado de uma beleza que todavia arrasta um rasto de miséria, confrontando-nos com uma realidade que retrata bem uma das faces da Índia.
O enquadramento dos planos e a  fotografia são fenomenais, acompanhada em sintonia com uma  banda sonora sempre de muito bom gosto, ao qual Boyle nos habituou, algo simplesmente fora de serie e que irá ficar no ouvido de muita gente.

Boyle conseguiu conjugar e reunir  neste filme elementos como:   trama, drama, realidade chocante, conto, triller, acção e romance, aspectos que sem duvida fazem de Slumdog Milionaire um dos filmes mais complexos dos últimos anos.  
O elenco é discreto e com excelente desempenho quase todos os actores são indianos ou com descendências, destacando-se Dev Patel (Jamal) pelo seu empenho e protagonismo, uma cara que já tínhamos visto na serie britânica Skins.
Um filme  europeu com um toque Bollywood,   revestido com toda a essência do realizador.


 

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