Gelidamente poético
O nome Ingmar Bergman (1918-2007 ) vem-nos logo ao pensamento ao mencionar o cinema sueco, não só pelo carácter dos seus filmes mas também pela complexidade da sua obra. Mas a vida tem de continuar e hoje vou falar do cinema sueco actual, o qual tem sido tem sido notável nos últimos anos, temos o exemplo de Cruel (nomeado para o Óscar em 2003), Frostbiten (Vencedor do Fantasporto em 2006), entre tantos outros.
Let the right one in (Låt den rätte komma in) é a segunda longa-metragem do sueco Tomas Alfredson, depois de alguns anos em televisão e algumas curtas.
O filme é a adaptação do novel de John Ajvide Lindqvist com o mesmo nome que além de ceder os direitos ainda escreveu o argumento.
A sinopse: Dois adolescentes, Oskar (Kåre Hedebrant) um rapaz solitário vitima de Bullying e Eli (Lina Leandersson) uma vampira solitária, tornam-se vizinhos nascendo entre eles uma cumplicidade.
Ambientado numa povoação gélida, numa realidade não tão distante da nossa Let the right one in é um filme com uma carga dramática entrelaçada entre traços de terror e elementos gore tão marcantes como essenciais, tendo como base a amizade entre uma vampira e um humano, ambos unidos pela sua solidão que enfrentam. É criado um ambiente de realismo fantástico abraçado pela crueza dos acontecimentos que surgem ao longo do filme, ora inquietantes, ora envolvidos por uma corrente poética que transborda sentimentos e laços afectivos.
Let the right one in é uma fábula metafórica que aborda os problemas de adaptação e conformismo perante a diferença. A adolescência e os problemas que esta envolve torna-se o prato principal juntamente recheado com o universo dos vampiros, aqui revitalizado e quase irreconhecível.
O elenco protagonista é deveras substancial, fixado num argumento hipnótico que liga a inocência e a morte de uma maneira tão crua como poética, sem recorrer a clichés eliminando quaisquer hipóteses de excentricíssimo, tendo como resultado final uma obra-prima.
Primordial.