da filosofia à ficção, retratando a realidade
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publicado por santissimatrindade, em 21.09.08 às 00:25link do post | favorito

 

De culto com toque clássico

Esteban Sapir é um cineasta argentino com uma vasta gama de trabalhos como Cinematographer (Director de Fotografia), entre outros como  argumentista e realizador. Na minha opinião ele é uma peça fundamental do cinema alternativo argentino. Picado fino foi a sua estreia na realização em 1996, dez anos depois escreve e realiza La Antena, uma homenagem ao cinema mudo que transborda cinema alternativo. O filme já passou por vários festivais inclusive no Indie de Lisboa, no Sitges (Festival de cinema da Cataluña), etc., entre outros arrecadando o premio de melhor filme no Festival de cinema de Budapeste, entre outros.

A história: Toda a população de uma gélida metrópole está muda. Mr. TV comanda o país, monopolizando as palavras e imagens, e as pessoas conformadas não se manifestam. Passam os dias sentadas a ver televisão e comendo os alimentos produzidos por ele. Enquanto isso, Mr. TV coordena um plano maquiavélico para escravizar a população eternamente. Para que tal aconteça, ele precisa sequestrar uma bela cantora, a única que ainda tem A VOZ.

La Antena é surpreendente pela maneira como nos transporta para o cinema de culto antigo, fazendo uma homenagem ao cinema mudo que outrora fora abandonado esquecido no meio de tantos estilos criados no mundo da sétima arte. A maneira original e o estilo que o filme adopta consegue manter uma unidade visual única do início ao fim, criando um estilo e um universo inconfundível, arrisco mesmo a dizer que Sapir reinventa o cinema mudo, fazendo uma fantástica alusão (homenagem) a tantos filmes do género, e ao mesmo tempo retratado um universo próprio do zero, lembrando-me o que Tim Burton consegue fazer no seus filmes.
Uma experiência surrealista e fora de serie num filme cativante e apaixonante, mas acima de tudo com uma componente muito humana.

O argumento é subtil mas com uma carga filosófica deveras poderosa, mostrando-nos o quão importante é o valor da palavra e o poder desta dos media na sociedade. Projectando em nós um artificialismo intemporal, ao mesmo tempo espelhando tudo aquilo de humanos que existe em nós.

É um filme com uma ideia arrojada que se torna motivo de orgulho no universo do cinema alternativo.

Inteligente, provocante e acima de tudo Fantástico.


 

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publicado por santissimatrindade, em 18.09.08 às 02:23link do post | favorito


Parábolas incandescentes


Semeando pedaços de mim mesmo nas pedras da calçada, vejo ao pestanejar um licor encarnado ser libertado a cada caminhada, escoando-se como as virtudes da abastada podridão humana.
Rasgos espessos controlam o penetrar da minha dor, criando uma certa sensação,  como se uma mistura de fel com o leite de um figo verde espalhado pela nossa pele.
 A alegoria que formigas fazem dentro e fora da minha boca é como um arraial da Nossa Senhora da Assunção, cheio de fiéis histéricas que aguardam o apagar da última vela da procissão, para então esfregarem suas coxas no enchumaço dos fidalgos ao som da música e de seu impulso sexual.
Um penico virado ao avesso e ainda a feder, torna-se responsável pela minha queda, vejo me então a ser catapultado (por momentos consegui sobrevoar até bater com as fuças no chão e partir o pescoço), rebolando e a pintar cada vez mais o chão de vermelho, fico totalmente estendido, mas sorrindo para o azul do céu.
 Espojado no chão avisto uma fachada de granito de um casarão que ardera durante uma revolução do povo, juntamente com as burguesas que lá habitavam.
Consumindo todos estes momentos, de repente oiço nos paralelos alguém a bater-me à porta e ao fechar os olhos vejo então uma porta a abrir.  
 

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publicado por santissimatrindade, em 17.09.08 às 01:51link do post | favorito

 

Trapos e telhados...

Sobrevoavam trapos íntimos sobre o biombo descaído do meu espírito, num frenesim erótico/ilusório, entre o existir e a ordem subjacente á moral, quando um barulho de cadeiras por trás do muro, me devolve a vida outrora ausente á consciência... Outro dia, outras cadeiras,telhados... São estes lugares comuns que me cortam em fatias atiradas ao absoluto, este carrossel sempre inventado, este fugir de um tédio maior. São os dramas de pacote, os quotidianos de pasquim, os cancros dessa inocência semi-ausente, tão necessária á arte e á vida, tudo isso me vampiriza. Enquanto isso asfixia-se, e a asfixia varia com o preço do petróleo neste olho de quem tem terra é rei, sorriso feliz de painel publicitário, santuário de devoções baratas. Resta esperar que esta gula cósmica de desgraças nos estoire de vez nas mãos, seja em êxtase ou em vazio. Sobrevoavam trapos íntimos sobre o biombo descaído do meu espírito...

By Jusis 2008

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publicado por santissimatrindade, em 15.09.08 às 03:37link do post | favorito

 

Conhecendo a alma Humana

Shi-Zheng Chen é um  encenador de teatro chinês, colabora igualmente com  opera  tradicional chinesa.  Bastante conceituado na china como tal,  teve a sua primeira experiência no cinema em 2005 como actor no Filme Tree Times, um drama que retrata três histórias em diferentes épocas (1911,1966 e 2005).
Dark Matter é o filme de estreia como realizador, e foi Vencedor do prémio Alfred P. Sloan no Festival de Sundance em 2007.

Inspirado numa tragédia verídica ocorrida nos meandros da ciência em 1991, Dark Matter é uma co-produção da China com os E.U.A., conta a história de um estudante universitário,  Liu Xing (Liu Ye) chinês que ganha uma bolsa na universidade de Valley State ,  juntando-se ao grupo de Cosmologia  liderado pelo seu ídolo Jacob Reiser  afim de criar um modelo sobre a origem do universo,  baseado na teoria de Reiser.  Xing , durante as suas investigações, é arrebatado para as questões sobre a matéria negra vendo nesta,  a principal chave sobre a origem do universo. Ficando cada vez mais obcecado com o tema e com um possível Nobel, que lhe é negado devido a política da universidade e á incerteza sobre a matéria negra, acaba por ser autor de uma tragédia.

Dark Matter começa sereno e cheio de energia positiva, simbolizada pelo Tai-Chi, explodindo completamente no final. Enquanto a história vai decorrendo somos deparados com várias metáforas, Terra, Água, Madeira, Fogo, etc., que simbolizam o estado de espírito da personagem principal ( Xing) ás quais a fotografia notável e autentica se molda.  A evolução do argumento é pura e constantemente embelezada pelas cartas que Xing escreve para os seus pais, cheias de sentimentos inocentes e fraternais, criando cada vez mais empatia entre o protagonista e o espectador. Um filme que aborda sobretudo a personalidade do ser humano e a maneira como esta se pode inverter de um momento para o outro com um simples flash.
No elenco é destacável a interpretação do actor principal (Liu Ye) e Joanna (Meryl Streep) uma personagem muito importante no filme a ponte entre a cultura americana e a cultura chinesa da qual ela é grande adepta. Joanna funciona como um espelho que nos dá a conhecer o lado poético e sensível do protagonista.

Dark Matter é uma tragédia contada num ambiente de drama esperançoso e com enquadramentos visuais cheios de metáforas e mensagens filosóficas. A matéria negra foi há pouco tempo comprovada quando durante anos não passou de uma arrojada teoria.
 

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publicado por santissimatrindade, em 10.09.08 às 22:46link do post | favorito


I come home!
I found out I don´t exist!
My dog was disappeared,
and sadly I see her crying.
Nothing that she did could impress me…
‘Cause I already know, that  she was a witch!
Her lonely tears didn’t help her.
-Oh no!, than she caps me a spell
And I pick up  my big bottle of vodka,
shedding the whole bottle on top her head,
then finally the lighter makes justice.
...And the Bitch was already burning.
I saw myself saying “Keep burning bitch!”.
What can say?  She deserved it.

Anarkik Poetry 2008.

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publicado por santissimatrindade, em 08.09.08 às 03:24link do post | favorito



Beleza irrefutável

O Realizador indiano Tarsem Singh estreou-se no cinema com “The Cell - A Cela”, após ter realizado videoclipes como “Losing my Religion” dos R.E.M, entre outros trabalhos do tipo. Agora reaparece na tela com a segunda longa-metragem The Fall, contando com o apoio dos cineastas David Fincher (Fight Club) e Spike Jonze (Being John Malkovich), ambos vindos do universo dos videoclipes. O filme já tinha sido apresentado na 40ª edição do Festival Internacional de Cinema Fantástico de Sitges (Cataluña, nordeste) arrecadando o prémio de melhor filme, foi rodado em cenários naturais de 23 países sendo ambientado num cenário vintage na Hollywood dos anos 20.

A Sinopse: Internados num hospital, um homem (Roy) e uma criança (Alexandria) usam a imaginação como maneira de enfrentar o estado convalescente no qual se encontram. Roy conta a Alexandria a historia mais original alguma vez contada (um épico segundo ele), repleta de personagens muito peculiares e um mundo a descobrir. Ambos acabam por criar laços de amizade e partilham experiências surpreendentes e marcantes.

Ao entrarmos em The Fall somos imediatamente confrontados desde o início com uma fotografia límpida que nos incendeia o olhar com toda a sua beleza, afirmo mesmo que é melhores fotografias que já vi nos últimos anos. Já argumento apela á simplicidade construindo algo megalómano, criando uma ponte entre o real e o imaginário, semeando uma envolvência com as personagens do épico e estacionando-se nas duas personagens centrais. A delicadeza com que se desenvolve o enredo é profundamente simbólica e humana, fazendo renascer em nós os sentimentos de pureza da nossa infância, já em nós adormecidos (deixando em nós uma certa nostalgia).
 
O elenco central Lee Pace (Roy) e a Catinca Untaru (Alexandria) merecem um destaque pela envolvência e entrega às personagens, mas principalmente Catinca , uma pequena actriz romena que se estreia em grande no grande ecrã.
 Um filme que nos leva a cenários em constante mudança, sempre magníficos e de beleza irrefutável, deixando-nos irresolutos, sendo cenários naturais e não recriação de computador.
Se me pedissem que resumisse o filme a uma expressão eu diria: Beleza elevada ao expoente.

O filme não tem data de estreia marcada, mas decerto que um projecto desta magnitude estreará por cá daqui a uns meses, mas vocês arranjam antes.
 

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