De culto com toque clássico
Esteban Sapir é um cineasta argentino com uma vasta gama de trabalhos como Cinematographer (Director de Fotografia), entre outros como argumentista e realizador. Na minha opinião ele é uma peça fundamental do cinema alternativo argentino. Picado fino foi a sua estreia na realização em 1996, dez anos depois escreve e realiza La Antena, uma homenagem ao cinema mudo que transborda cinema alternativo. O filme já passou por vários festivais inclusive no Indie de Lisboa, no Sitges (Festival de cinema da Cataluña), etc., entre outros arrecadando o premio de melhor filme no Festival de cinema de Budapeste, entre outros.
A história: Toda a população de uma gélida metrópole está muda. Mr. TV comanda o país, monopolizando as palavras e imagens, e as pessoas conformadas não se manifestam. Passam os dias sentadas a ver televisão e comendo os alimentos produzidos por ele. Enquanto isso, Mr. TV coordena um plano maquiavélico para escravizar a população eternamente. Para que tal aconteça, ele precisa sequestrar uma bela cantora, a única que ainda tem A VOZ.
La Antena é surpreendente pela maneira como nos transporta para o cinema de culto antigo, fazendo uma homenagem ao cinema mudo que outrora fora abandonado esquecido no meio de tantos estilos criados no mundo da sétima arte. A maneira original e o estilo que o filme adopta consegue manter uma unidade visual única do início ao fim, criando um estilo e um universo inconfundível, arrisco mesmo a dizer que Sapir reinventa o cinema mudo, fazendo uma fantástica alusão (homenagem) a tantos filmes do género, e ao mesmo tempo retratado um universo próprio do zero, lembrando-me o que Tim Burton consegue fazer no seus filmes.
Uma experiência surrealista e fora de serie num filme cativante e apaixonante, mas acima de tudo com uma componente muito humana.
O argumento é subtil mas com uma carga filosófica deveras poderosa, mostrando-nos o quão importante é o valor da palavra e o poder desta dos media na sociedade. Projectando em nós um artificialismo intemporal, ao mesmo tempo espelhando tudo aquilo de humanos que existe em nós.
É um filme com uma ideia arrojada que se torna motivo de orgulho no universo do cinema alternativo.
Inteligente, provocante e acima de tudo Fantástico.