da filosofia à ficção, retratando a realidade
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publicado por santissimatrindade, em 13.03.09 às 01:53link do post | favorito

Ao abrigar um paralelo na retaguarda do crânio, sinto-me como se lençóis de água latejassem no canto do meu cérebro. As cortinas finalmente pegam fogo criando um espectáculo de luzes espalhando o caos, mas aquilo que me dá mais gozo é o facto de ver arder aquela cadela vadia.
By Arkin


 Duas semanas de Fantasporto

O Fantasporto é um festival de cinema que dispensa qualquer apresentação, celebrou este ano 29 edições (entre 16de Fevereiro e 1 de Março). Foram projectados quilómetros de película, não só nos cinemas do Porto como por todo o país, mas o centro das atenções virou-se para o grande e pequeno auditório do Rivoli onde tivemos personalidades que vieram apresentar os seus trabalhos e receber homenagens. O ambiente cinéfilo e o espírito de cinema fantástico e independente pairava no ar, e o culto do Fantas voltou a manifestar-se, ainda que o fantasma da crise assombrasse os seus fiéis.

 A programação foi bastante recheada, tornando a escolha de filmes deveras difícil. Neste artigo decidi fazer uma avaliação geral e destacar alguns dos filmes que tive a oportunidade de ver.

 Dia 1

O 1º filme que fui ver, Walled In,  é um thriller de terror fantástico, uma história com uma componente de e bastante filosófica e fulminante. Baseado na obra de Serge Brussolo e realizado por Gilles Paquet-Brenner,  Walled in conta a história de uma representante de uma companhia  que vai supervisionar a demolição de um misterioso prédio, acabando por se deparar com segredos escondidos no local ligados a um assassino muito peculiar.

Nesse mesmo dia defrontei-me com um filme de zombies alemão Virus Undead realizado por  um senhor com nome bastante curioso Wolf Wolff, que misturava personagens caricatas e um vírus mortal transmitido por corvos (enfim um cliché), nada de especial.

Para fechar fui ver um filme de terror americano que já estreou nas nossas salas. The Unborn, uma longa a cargo de David S. Goyer o mesmo de The Invisible. O filme é muito bom em termos técnicos e visuais, Fotografia e efeitos sonoros de igual forma, mas é um género de filmes que já satura. Vencedor de melhor fotografia na secção de cinema fantástico.

A surpresa do dia foi mesmo a curta-metragem que antecedeu The Unborn, chama-se Next Floor e veio do Canadá, foi realizado por  Denis Villeneuve e venceu melhor curta-metragem fantástica. Simplesmente um assombro. (Altamente aconselhado)

 

 


Dia 2

Comecei com Belini e o Demónio, uma espécie de injecção de adrenalina que mistura surrealismo, com investigação, satanismo, terror psicológico e uma filmagem esquizofrénica. Realizado  por Marcelo Galvão tendo como base o livro de  Tony Bellotto com o mesmo nome (ambos estiveram na apresentação do filme), e protagonizado por Fábio Assunção (para mim o papel da sua vida). Um dos meus filmes preferidos deste Fantas.

Ao fim da tarde fui ver o meu primeiro filme indonésio, Takut: Faces of fear, uma produção de um grande amigo do Fantas, o espanhol Brian Yuza, que reuniu 7 realizadores neste filme e 6 histórias com um único ponto em comum: o medo. Uma overdose de sensações á flor da pele, e uma das revelações deste Fantas.

 Dia 3

 Ao inicio da noite maravilhei-me com comedia índie e vinda da Belgica,  Moscow Belgium, realizada por Christophe Van Rompaey. Um filme que transborda  boa disposição sem cair no ridículo apresentando-se como algo estritamente genuíno e com um argumento fantástico escrito pela dupla Jean-Claude Van Rijckeghem e Pat van Beirs. Vencedor de melhor filme na secção: semana dos realizadores.

Antes de ir curtir a noite de carnaval, fui ver uma comédia de terror espanhola com ingredientes muito apelativos, Sexykiller, morirás por ella, um filme realizado por Miguel Martí e escrita por Paco Cabezas. Uma mistura de  humor negro com ficção e terror em grande estilo, que ao mesmo tempo faz contraste com a sensualidade e a malícia da protagonista Macarena Gómez, vencedora do prémio de melhor actriz na secção de cinema fantástico. O realizador e a protagonista estiveram presentes para apresentar o filme.

 

 


Dia 4

 Veit Helmer considerado o maldito do cinema Alemão, o mesmo de Tuvalu, trouxe-nos a  comédia Absurdistan. Filmado numa aldeia deserta e com humor que nos faz lembrar os filmes de Kusturica. Conta-nos a paródia sobre a falta de água e por consequência a greve de sexo das mulheres da aldeia, um retrato muito à frente com um leve tom de absurdo, baseada numa história real. Vencedor do Miéles d'argent.

 Logo de seguida fui ver Astropia, vindo da Islândia. Leva-nos na viagem  pelo mundo dos RPG, e dos nerds. Uma comédia fantástica, cheia de efeitos visuais e com um tom diferente das comédias convencionais, realizado por Gunnar B. Gudmundsson. Vencedor do premio de honra Júri internacional.

 Ao final do dia fui ver Delta um filme húngaro, típico do Festival de Canes, muito parado, mas ao mesmo tempo inquietante, com uma fotografia magnífica. Se o argumento e alguns planos não fossem tão cansativos poderia primar muitos mais.

 Dia 5

 Exodus de Penny Woolcock,  a recriação da tão famosa história de Moisés num futuro muito próximo, um filme com altos e baixos, e uma visão diferente dos tempos modernos, mas apenas mais um.

 Dia 6

 O alemão Wim Wenders um dos realizadores homenageados nesta edição do Fantas apresentou o seu novo filme, Palermo Shooting, uma viagem ao imaginário e segundo o realizador o primeiro filme interactivo. Ao ver perceberão porque. Acompanhado por uma banda sonora que se molda ao protagonista e a fotografia de cair o queixo, um road movie com uma veia de David Lynch, que enche os olhos de qualquer cinéfilo. Vencedor do prémio especial de júri na semana dos realizadores.


 

Último dia

 The Desapeared de Johnny Kevorkian, um filme de terror sem grandes pretensões, que gira em torno de o desaparecimento de um rapaz de 10 anos. Muita tensão e saltos na cadeira é algo que combina bem no género, e com um argumento que nos surpreende.

Adam Ressurected de Paul Schrader, foi o filme que encerrou a gala de entrega de prémios, baseado na obra de Yoram Kaniuk. Trata-se da história de um judeu, pós holocausto anos 50, ambientada num asilo de deficientes mentais, com excelentes interpretações de Jeff Goldblum e William Dafoe. Uma grande história, cheia de grandes emoções, onde a alma humana é o centro das atenções. Espantoso.

Infelizmente não tive oportunidade de ver Idiots & Angels, de Bill Plympton, sei apenas que não tem linguagem verbal e parece altamente inflamável, ao qual vou dar um destaque num artigo mal tenha oportunidade de ver. Por fim um destaque ao filmes Sul-Coreanos, The Chaser de Hong-jin Na e Hansel & Gretel de Pil-Sung Yim (inclusive arrecadou 2 prémios), duas pérolas que tive oportunidade de ver em casa.

Para o ano há mais, já esta confirmado a edição dos 30 anos.
 

o meu ego está:

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